Quebra de paradigmas - clientes ou discípulos?
Por vezes como fruto do desconhecimento do ensino das Escrituras, ou por valorização da tradição religiosa acima das Escrituras, certos cristãos vivem a vida cristã segundo paradigmas (modelos, padrões) errados, não bíblicos. Por exemplo, por vezes o cristão é visto e tratado como “cliente”, e não como discípulo de Jesus Cristo.
Há meios comerciais, setores do mundo de negócios, que divulgam: o “cliente sempre tem razão”; “o cliente em primeiro lugar”; “tudo deve ser feito para fidelizar o cliente"; "para sua satisfação, porque cliente insatisfeito não somente não volta, como também influencia negativamente outros”!
Assim, a igreja que se conforma com a "mentalidade do cliente", em vez de ser uma comunidade de discípulos de Jesus Cristo que convida outros ao discipulado, a comunhão em serviço, passa a ser vista como uma “fornecedora” que tem que se preocupar em manter o “cliente” satisfeito, em fidelizar o “cliente” para que ele não mude de “fornecedora”!
Outro exemplo é o paradigma de que o serviço dos líderes eclesiásticos, religiosos, do “clérigo”, é mais espiritual, importante, precioso, do que o serviço dos denominados "leigos" ...
Assim, somente a vista, o aconselhamento, a oração, a pregação, ..., do líder eclesiástico tem valor na chamada comunidade cristã. Logo, se o líder não visita, não telefona, não encoraja o "cliente", este tem toda razão de murmurar, desanimar, mudar para um outro local, onde espera que será melhor servido! E, para o "cliente" não satisfeito tudo é e será motivo de desanimo, murmuração na comunidade, mesmo que outros discípulos (membros "leigos") de Cristo o tenham visitado, telefonado, encorajado!
Não é isso que geralmente ocorre?
Você já não passou, ou não viu e/ou não ouviu tal situação?
Basta ler a Bíblia, sem os “óculos” do tradicionalismo religioso, do “clericalismo”, e/ou o foco do “cliente, consumidor” para conhecer e compreender que quando neste mundo Jesus Cristo não chamou “clientes,
consumidores” para O seguir, sim discípulos. Jesus Cristo focou seu ministério fazendo discípulos. Em João cap. 6, de forma dura Ele confronta, adverte aqueles que como "clientes / consumidores" O seguiam por causa dos milagres, "dos pães e dos peixes", e não por O reconhecer como o Messias - Senhor e Salvador, e pelo comprometimento com Ele, o doador e sustentador da vida eterna.
Aonde, está escrito que Jesus focava o indivíduo como “cliente, consumidor”?
Em Jesus Cristo (em quem não há clérigo e leigo), nós temos o ensino e o modelo, de que o verdadeiro cristão foca o cumprir a vontade e agradar ao Pai - Jo 4.34; 17:4. A semelhança de Cristo, no Espírito Santo, pelo evangelho, o cristão é chamado a um relacionamento em comprometimento e desfrute do viver Nele, O adorando, servindo a Ele a ao próximo. Servindo em amor, com alegria - humildade - sinceridade, sempre perseguindo cumprir o propósito e a vontade de Deus, para Sua honra e glória.
Todo cristão em Cristo, deve membro, comprometido numa comunidade dos discípulos de Jesus, e a partir deste contexto viver em comunhão, em reciprocidade, no servir um ao outro, segundo as oportunidades, as capacitações concedidas pelo Espírito Santo. Com a consciência que na economia do Reino de Deus, mais "bem aventurado é dar do que receber; servir do que ser servido; ser o último, do que o primeiro; perde-se, para ganhar; morre-se, para viver; humilha-se, para no tempo oportuno ser exaltado pelo Senhor dos senhores".
Lembre-se: o servir, cuidar de todos e de cada um, é dever, responsabilidade e privilégio de todo e de cada discípulo de Jesus Cristo, de todo e cada membro da comunidade cristã, da igreja - corpo vivo de Cristo (1 Co 12:25,26; Ef 4:11-16; Rm 15:14)
Tenhamos a visão correta da vida e do serviço cristão, e entre outras
coisas, vamos servir uns aos outros, e valorizar o serviço uns dos
outros.
Vos escreve, aquele que, assim como você, nos tem limites de habilidades - tempo - recursos, e é chamado por Deus para servir com fidelidade e perseverança segundo as oportunidades que Ele concede, sem a ilusão de que podemos em todo o tempo e de todos os modos, servir a todos! Compreendamos a responsabilidade com o "próximo", e a beleza da "família na carne e sangue", e da "família na fé - igreja, corpo de Cristo", onde e a partir da quais Deus, na sua multiforme sabedoria, assiste "cada parte, e o todo" da comunidade.
Domingos Mendes Alves - 12.04.2023
Adapatdo de um texto da minha autoria em 07.11.2011