#5 O tempo não cura: a imaturidade

Nesta série de reflexões vamos descortinar que “o tempo por si só” não cura tais dores, feridas, comportamentos, imaturidades… Assim como, a enfermidades  e a dor física quando não diagnosticadas e nem tratadas clinicamente no tempo e no modo certo,  se complicam, o mesmo ocorre com  a imaturidade… 

O tempo é um inimigo quando as enfermidades não são tratadas   adequadamente … 

No dia 06 de fevereiro de 2025, eu completei 67 anos de idade… Mas, tenho cerca de 50 anos do caminhar com fé em Jesus Cristo… O meu pensar, gerir as emoções e sentimentos, o relacionar, as atitudes são de um adulto de 67 anos? E, sob a perspectiva da fé em Cristo, tais áreas da minha vida, são de um cristão maduro, com 50 anos do viver em Cristo?

Sem ignorar, e nem desprezar as patologias, as doenças genéticas, …,  que têm severas consequências no processo do desenvolvimento de um indivíduo, e que precisam intervenção clínica, terapêutica, de profissionais da área … ; o foco aqui é no desenvolvimento, no crescimento em maturidade prejudicado,por exemplo: pela superproteção, pela ausência do desenvolvimento da liberdade com responsabilidade, pela ausência de princípios e crenças, de práticas, de experiências que conduzem ao ser e ao agir, nas diferentes fases e papeis da vida,  de modo harmônico entre a “idade”  cronológica com a “idade”  mental – emocional – social – espiritual. 

A imaturidade emocional – mental – social – espiritual  gera  pessoas caracterizadas: por espírito de vitimismo, síndrome de “Peter Pan”, amantes de si mesmas, bajuladoras,  desleais,  fingidas, ingratas, covardes diante das responsabilidades e dos desafios da vida… Com certeza, algumas das destas características apresentadas aqui, já foram apresentadas em reflexões anteriores; assim como, ocorre com os caminhos indicados para a “cura”, em todas as reflexões desta série – “O tempo não cura”. 

No espírito de vitimismo a pessoa diante de um problema, de uma situação difícil ela assume qualquer responsabilidade e culpa alguma coisa ou alguém. Ou seja, a pessoa sempre se coloca como vítima, e tem desculpas, tem justificativas, para as suas ações e ou omissões. Não sabe lidar com o contraditório, sem levar para o lado pessoal, sem “mimimi”!

Na síndrome de Peter Pan a pessoa vive na “terra do nunca”, num mundo de fantasia, onde se nega a ser adulto. Ser adulto, entre outras coisas, significa assumir responsabilidades de adulto, ser seguro… A pessoa sempre procura viver sob a sombra de um ser humano que lhe “proteja”, “sustente”, “que trate por ela os problemas da vida, e as confrontações necessárias nos relacionamentos”… A pessoa se recusa a crescer, pois vê vantagens em ser “criança”, em viver na “terra do nunca”!

No amantes de si mesmos  a pessoa, assim como uma criança pequena, ela só enxerga a si mesma… Não tem a perspectiva do outro. Lembra da briga entre crianças pelo mesmo brinquedo, quando existem muitos outros brinquedos? Do doce que não quer repartir com outras crianças? Do ciúme do pai e/ou da mãe, quando se reparte atenção com outros? Do é “meu”, “eu quero”, “não dou”? 

Na Série: “Sinais de Maturidade na Família de Deus”, que está disponível neste site (@paraoalvo), eu apresentei o quadro abaixo sobre “Dimensões de amadurecimento” 

Dimensões de amadurecimento 

(Knowles, M. Andragogy versus Pedagogy. Association Press, 1979)

Uma pessoa madura  apresenta conhecimento, habilidades e atitudes em plena harmonia da idade cronológica, com a idade mental – emocional – social – espiritual.

Nesta reflexão o foco está na maturidade espiritual, convicto de que a mesma está relacionada com as demais – cronológica, mental, emocional, social (relacional). Pois, num processo de tempo (cronológico), a pessoa, no Espírito Santo vai amadurecendo  espiritualmente: pensando, lidando com as suas emoções e sentimentos, se relacionando, agindo mais e mais a semelhança de Jesus Cristo.

Por exemplo:

Em Hebreus 5, perceba a relação entre: “o tempo decorrido”, com o ainda “Passaram a ter necessidade de leite …”. Ou seja, pelo tempo cronológico já deveriam ser “mestres”, “adultos”, precisar de “alimento sólido”; mas, ainda eram “ficaram com preguiça de ouvir” “coisas difíceis de explicar”, eram “crianças”, se alimentavam de “leite”!

5.11 A esse respeito temos muitas coisas a dizer, coisas difíceis de explicar, porque vocês ficaram com preguiça de ouvir. 12 Pois, quando já deviam ser mestres, levando em conta o tempo decorrido, vocês têm, novamente, necessidade de alguém que lhes ensine quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus. Passaram a ter necessidade de leite e não de alimento sólido. 13 Ora, todo aquele que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, porque é criança. 14 Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal.

Em 1 Coríntios 3, perceba a relação entre: “não pude falar a vocês como a pessoas espirituais”, como adultos na fé, “e sim como a pessoas carnais, como a crianças em Cristo”; “Eu lhes dei leite para beber; não pude alimentá-los com comida sólida”;  “Nem ainda agora podem” – há uma relação de tempo “nem ainda”; “há ciúmes e brigas”; “andam segundo os padrões humanos”; “eu sou… eu sou”!

3.1 Eu, porém, irmãos, não pude falar a vocês como a pessoas espirituais, e sim como a pessoas carnais, como a crianças em Cristo. 2 Eu lhes dei leite para beber; não pude alimentá-los com comida sólida, porque vocês ainda não podiam suportar. Nem ainda agora podem, porque vocês ainda são carnais. 3 Porque, se há ciúmes e brigas entre vocês, será que isso não mostra que são carnais e andam segundo os padrões humanos? 4 Quando alguém diz: “Eu sou de Paulo”, e outro diz: “Eu sou de Apolo”, não é evidente que vocês andam segundo padrões humanos?

Desafio:

Nesta série de cinco reflexões, eu quero te desafiar a refletir,  com humildade e sinceridade no Espírito Santo,  com confiança na  palavra de Deus e no Deus da palavra, que tais curas  não vêm pelo tempo, mas pelo Senhor do tempo!

Como escrevi na Série: “Sinais de Maturidade na Família de Deus”, que está disponível neste site (@paraoalvo), nós precisamos ter a plena convicção de que Deus tem como uma grandeza primordial a formação do caráter de Cristo em nós (cf. Romanos 8.28,29; Gálatas 4.19; Efésios 4.13; Colossenses 1.28,29; 2 Timóteo 3.14-17).

A pessoa madura espiritualmente, no Espírito Santo ela pensa, lida com as suas emoções e sentimentos, se relaciona, age mais e mais a semelhança de Jesus Cristo.

Caminhos para a maturidade, o crescimento espiritual (palavra aos que já são discípulos de Jesus Cristo; se necessário, reveja a reflexão #4 desta Série, onde discorro sobre caráter, “nova criação”, ter a “semente divina”):

1) O crescimento  é um processo que ocorre durante (tempo) a jornada espiritual, neste mundo: Hebreus 5.12a Pois, quando já deviam ser mestres, levando em conta o tempo decorrido …

Por exemplo: eu completei 67 anos de idade… Mas, tenho cerca de 50 anos do caminhar com fé em Jesus Cristo… E, o ser em Cristo nova criação, filho de Deus, isto traz profundo impactos, profundas transformações em meus pensamentos, minhas crenças e práticas… Que farão com que no processo de tempo (nesses 50 anos de fé em Cristo) eu tenha a gestão dos pensamentos, das emoções, da prática mais e mais como Cristo..

2) O crescimento envolve conhecimento e prática (exercício) da sã doutrina:  Hebreus 5.14 Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal. (Cf. 2 Timóteo 3.14-16)

No viver pela fé em Jesus Cristo a minha mente (princípios, valores, crenças) deve ser ensinada e submissa a palavra de Deus. E, isto se refletirá no estilo de vida, na prática, em todas as áreas, papeis, esferas relacionais …

3) O crescimento envolve um contexto de ensino-aprendizagem, da interação com cristãos mais maduros: Colossenses 1.28 Este Cristo nós anunciamos, advertindo a todos e ensinando a cada um em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos cada pessoa perfeita em Cristo; Efésios 4.11 E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres,12a com vistas ao aperfeiçoamento dos santos … 

Em Gálatas 2.11-14, nós temos um exemplo desta interação… O apóstolo Paulo numa atitude de maturidade espiritual confrontou o apóstolo Pedro, pois este  ele se tornou repreensível, ao ter agido com “hipocrisia”, ao não assumir, diante dos judeus e gentios, conduta autêntica segundo  as suas convicções e/ou a falta das mesmas, conduzindo outros ao engano… E, ao confrontar Pedro, Paulo agiu com maturidade espiritual, e ele mesmo cresceu em maturidade… E, Pedro ao ser confrontado, teve a oportunidade de assumir a sua atitude imatura, e de crescer em maturidade espiritual compreendendo que precisava ser adulto, de com temor a Deus, agir de modo biblicamente correto, sem medo da opinião das pessoas… 

4) O crescimento ocorre num contexto de comunhão e serviço no corpo de Cristo – igreja: Efésios 4.12a com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, 13 até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de pessoa madura, à medida da estatura da plenitude de Cristo.

A comunhão, a prática da mutualidade (uns aos outros), como por exemplo, o serviço ao próximo, faz parte do processo de aprendizagem, de perceber o outro. Contribui para a construção de valorizar a interdependência, não a dependência (os outros são plenamente responsáveis por mim) e nem a independência (eu me basto a mim mesmo, não necessito dos outros) …

Nas reflexões anteriores, desta série – “O tempo não cura”, com certeza terás outros elementos complementares indicados nos caminhos para a “cura”. Por exemplo examine os caminhos apresentados na Devocional #4 “O tempo não cura: o mau caráter”. 

A pessoa madura espiritualmente pelo ensino, repreensão, correção e educação na justiça por meio das sagradas letras, da Escritura, ela se revela um “servo de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”, 2 Timóteo 3.17.

Num processo de tempo (cronológico), a pessoa, no Espírito Santo vai amadurecendo  espiritualmente: pensando, lidando com as suas emoções e sentimentos, se relacionando, agindo mais e mais a semelhança de Jesus Cristo.

Lembre-se: O “tempo por si mesmo” não cura as dores da alma, as feridas emocionais, o mau caráter, e, nem a imaturidade! 

Série:

#1 O tempo não cura! Introdução
#2 O tempo não cura: as dores da alma.
#3 O tempo não cura: as feridas emocionais.
#4 O tempo não cura: o mau caráter.
#5 o tempo na cura: a imaturidade emocional – mental – espiritual. 

Nesta série de cinco reflexões, eu tenho o propósito, conforme já apresentado no decorrer da mesma, de te desafiar a refletir, com humildade e sinceridade no Espírito Santo, com confiança na palavra de Deus e no Deus da palavra, que tais curas não vêm pelo tempo, mas pelo Senhor do tempo! 

Zacarias 10.1 Pedi ao SENHOR chuva no tempo da chuva serôdia, sim, ao SENHOR que faz relâmpagos; e lhes dará chuvas abundantes, e a cada um erva no campo. 

Salmos 147.3 Ele sara os que têm o coração quebrantado e trata das feridas deles. 

Apocalipse 21.6 E disse-me mais: Está cumprido. Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim. A quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da fonte da água da vida. (NAA) 

Em Jesus Cristo, único e suficiente Senhor e Salvador. 

Domingos Mendes Alves
@paraoalvo
Viseu, Portugal
07.02.2025 

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Last modified: February 8, 2025