Alegria plena.

A alegria plena, indescritível e cheia de glória, até em meio aos sofrimentos e as hostilidades, é um dos distintivos do verdadeiro discípulo de Jesus Cristo.

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Mensagens bíblicas
Série: 1 Pedro, Esperança da glória
3a. Mensagem
Domingos Mendes Alves – 14.06.2020

Alegria plena, 1 Pedro 1.6-9

1 Pe 1.6 Nisso vocês exultam, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejam contristados por várias provações, 7 para que, uma vez confirmado o valor da fé que vocês têm, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado pelo fogo, resulte em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo. 8 Mesmo sem tê-lo visto vocês o amam. Mesmo não o vendo agora, mas crendo nele, exultam com uma alegria indescritível e cheia de glória, 9 obtendo o alvo dessa fé: a salvação da alma.

Mensagem: A alegria plena, indescritível e cheia de glória, até em meio aos sofrimentos e as hostilidades, é um dos distintivos do verdadeiro discípulo de Jesus Cristo.

Esboço:

Exposição de 1 Pe 1.6-9

I. A Alegria que vem através da fé – sã doutrina
1 Pe 1.6 Nisso vocês exultam, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejam contristados por várias provações.
Exultam (‘agalliao – aggalliasthe’) – regozijo que surge da contemplação, da salvação de Deus…

A. A base da fé – v. 6
A palavra “nisso” refere-se aos vv. 1 a 5

1. A revelação da misericórdia do Pai – v.3
1.3 Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos,
“Misericórdia (‘eleos’), aqui é sinônimo de “graça” (‘charis’)
Pela fé em Jesus Cristo, sua morte pelos nossos pecados e ressureição dentre os mortos, nos tornamos filhos de Deus. E, isto é resultado não dos nossos méritos e ou das nossas conquistas, mas do favor, do amor, da soberana e livre iniciativa de Deus Pai em nosso favor.

2. O resultado do ministério do Filho – vv. 2,3
1.2 … a aspersão do sangue de Jesus Cristo. Que a graça e a paz lhes sejam multiplicadas. 3 Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos.
A morte de Cristo pelos nossos pecados, assim como a sua ressurreição dentre os mortos, é a base para a salvação eterna de todos os que n’Ele crêem.

3. A realidade da presença do Espírito, v. 2
1.2 … em santificação do Espírito …
O Espírito Santo habita em todo o que crê em Jesus Cristo (Ef 1.13,14), “separando-o” para pertencer a Deus Pai, e operando para que ele venha a ser (pensar – agir – falar) mais e mais semelhante a Jesus Cristo (2 Co. 3.18).

B. O crescimento da fé – vv. 6,7
1 Pe 1.6 … por breve tempo, se necessário, sejam contristados por várias provações, 7 para que, uma vez confirmado o valor da fé que vocês têm, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado pelo fogo, resulte em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo.

1. Crescimento em valor – “maior do que o ouro”, v. 7
1.7 para que, uma vez confirmado o valor da fé que vocês têm, muito mais preciosa do que o ouro perecível …
“Ouro” leva-nos a pensar nos bens materiais… Deus age na vida dos seus filhos, visando mais do que coisas e bens materiais. Deus visa a “fé” que vale mais que o “ouro perecível”.
1.9 obtendo o alvo dessa fé: a salvação da alma. – A fé em Cristo, como único e suficiente Salvador, garante a herança, a riqueza eterna , Mt 6.19,20; 2 Tm.1.12

2. Crescimento em validade – “apurado por fogo”, v. 7
1 Pe 1.7 … muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado pelo fogo, resulte em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo.
Apurado pelo fogo – (‘dokimos’), aprovado depois de um teste…
O apóstolo Pedro compara as provações com o fogo que purifica o ouro… A figura ilustra não só o valor, como também a necessidade da provação. Assim como o fogo purifica o ouro, separando as impurezas, assim as provações testam e purificam a fé, podendo (depende da atitude diante das provações) produzir uma fé aprovada por Deus – Tg 1.2,3.

3. Crescimento em coragem – “toda espécie de tribulação”
1 Pe 1.6 … embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejam contristados por várias provações.
Várias provações – refere-se a diferentes tipos e intensidades de provações, de dificuldades e sofrimentos na vida cristã.
Ao suportar as provações com paciência e perseverança, nós vamos crescendo em coragem… Na época do apóstolo Pedro, como ouvi muitas vezes o Prof. Carlos O. Pinto falar na sala de aula no SBPV – Atibaia – SP: a espada do soldado romano era talhada para não quebrar durante o combate. Por meio do “fogo, bigorna e água fria” a espada se tornava resistente, e pronta para o combate.
Assim também aqueles que suportam vitoriosamente “provação após provação” vão se tornando mais fortes e corajosos, mais talhados para não “quebrarem” em meio as provações, aos sofrimentos e adversidades da vida.

C) A certeza da fé da fé – vv. 7, 8
7b … resulte em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo. 1.8b … Mesmo não o vendo agora, mas crendo nele, exultam com uma alegria indescritível e cheia de glória.

Louvor (‘erainos’) – aprovação; glória (‘doxa’) – brilho, majestade; honra (‘time’) – valor devido; na revelação (‘apokalupsis’) …

Cremos sem ver, v. 8
1.8b … Mesmo não o vendo agora, mas crendo nele, exultam com uma alegria indescritível e cheia de glória.
Alegria indescritível – excede os poderes da linguagem, do pensamento humano; e cheia de glória – gloriosa, revestida da glória do alto…

Nós, assim como os destinatários da epístola de Pedro, não somos testemunhas oculares da vida, morte pelos nosso pecados e ressurreição de Cristo. Cremos e O amamos pela “fé” (Rm 10.17; Hb 11.1) – fé na revelação divina por meio das Escrituras (Bíblia – Palavra de Deus).

2. Veremos o que cremos – a experiência de Tomé – Jo 20.24-30
A salvação é Cristo. O foco está na Sua Pessoa. Um dia nós o veremos como Ele é, e seremos transformados a Sua semelhança (1 Jo 3.1-3); e, é com base no conhecimento de Cristo, na esperança de vê-lo em sua glória, que nós nos alegramos.

II. A alegria que vem através da esperança
1.5b … para a salvação preparada para ser revelada no último tempo. 6 Nisso vocês exultam, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejam contristados por várias provações … 7b … resulte em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo.

A. A esperança da comparação, vv. 5, 6
1. O “pouco tempo” (v. 6) e o “último tempo” (v. 5)
v. 6 – Pouco tempo (‘oligos’) – As provações, quando comparadas com a eternidade em Cristo, duram pouco tempo (Rm 8.18).
v. 5 – Último tempo (‘eschatos kairos’) – ou seja, quando surgir a “oportunidade” (kairos), a segunda vinda de Cristo, então seremos livres de todas as provações e, desfrutaremos da eternidade e plena comunhão com Deus.

2. A “mágoa do sofrimento” e o “derramamento do seu sangue”
Neste mundo sofremos por causa do pecado presente… Às vezes sofremos por causa das adversidades naturais da vida… Algumas vezes por causa das nossas próprias escolhas erradas… Outras vezes por causa dos erros dos outros…
Cristo sofreu, não por causa dos seus pecados (Ele não pecou), mas por causa do nossos pecados, 2 Co 5.21. E, o seu sofrimento em toda a sua dimensão, foi e é sem comparação (Is 53; Hb 12.4-6)

3. O “ouro que perece” e a “herança que permanece”, vv. 7, 8
1.7 … o ouro perecível, mesmo apurado pelo fogo, resulte em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo. 8 Mesmo sem tê-lo visto vocês o amam. Mesmo não o vendo agora, mas crendo nele, exultam com uma alegria indescritível e cheia de glória, 9 obtendo o alvo dessa fé: a salvação da alma.
O “ouro” , a riqueza material, perece, passa (Mt 6.19,20). A herança da salvação em Cristo Jesus é de valor eterno, v. 4,5; 2Tm 1.12

B) A esperança da consumação, v. 7
1. A certeza da volta de Cristo – v. 7b
1.7 … resulte em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo.
v. 7 … na revelação (‘apokalupsis’) de Jesus Cristo – aguardamos Sua segunda vinda…
Cristo voltará (At 1.10-11). Quando Cristo voltar a fé testada e aprovada pelas tribulações, redundará em “louvor” – reconhecimento da fé aprovada; “glória” – participação da natureza divina; e, em “honra” – aceitação por parte d’Ele.

2. A segurança dos resultados da salvação – v. 9
1.9 obtendo o alvo dessa fé: a salvação da alma.
O “alvo” (‘telos’) – refere-se ao objetivo, ao propósito da salvação… A fé tem inicio no reconhecimento da mensagem do Evangelho de Jesus Cristo (Rm 1.16,17) e, seu fim é a salvação eterna de todo o que crê no Evangelho de Jesus Cristo.

III. A alegria que vem do amor
Nos alegramos porque O amamos; e, nos alegramos acima de tudo, pois podemos O amar, somente porque Ele nos amou primeiro.

A) A alegria em amar
1.8a Mesmo sem tê-lo visto vocês o amam …
1. O compromisso do amor – Jo 14.23,24
“Amais”, (‘agapate’) – refere-se ao tipo de amor sacrificial demonstrado por Jesus Cristo ao dar sua vida na cruz, morrendo pelos da humanidade. Amor, não como sentimento mas atitude, comportamento que visa o bem do objeto amado. Amor, que nós expressamos quando obedecemos a Jesus Cristo, assim como Ele obedeceu a vontade do Pai (Fp 2.3-8; 1 Jo 2.4-6).

2. Comunhão do Amor – Jo 21.15
Comunhão que se expressa no serviço a Deus Pai – “apascenta os meus cordeiros”! O apóstolo Paulo em 1 Co 13, esclarece de que os dons, o serviço, o sacrifício etc, feito sem amor não tem valor diante de Deus. Serviço em e por amor é uma forma de comunhão com Deus, e uns com os outros.

3. A comunicação do amor – Jo 21.20-22
“Quanto a ti segue-me”. Comunicando o amor pelo “seguir” a Jesus. Podemos demonstrar alegria pelo fato de amarmos a Jesus – por isso temos compromisso e comunhão com Ele, e o seguimos.

B) A alegria de amar, por ser amado
1. Nós O amamos porque Ele nos amou primeiro, 1 Jo 4.19
O fato de sabermos e termos convicção de sermos amados por Deus, nós nos tornamos livres e capacitados para amá-lo, para nos amarmos e amar uns aos outros. Deus na Sua soberana e livre iniciativa escolheu nos amar. Ele nos aceitou e nos aceita como somos. Mas, por amor Ele agirá em nós para sermos como o seu Filho Jesus Cristo.

2. Nós O aceitamos porque Ele nos aceitou, 1 Jo. 3.1-3; Rm 5.8
Porque Ele nos aceita, nós o amamos. E porque nós o amamos somos livres e capacitados para amar – e isto, é motivo de grande e profunda alegria.

Conclusão
O principal propósito do ser humano é glorificar a Deus ao alegrar-se nele para sempre. (Piper, p. 258)

Fp 4.4 Alegrem-se sempre no Senhor; outra vez digo: alegrem-se!
Viver alegre é um dos mandamentos bíblicos.

C. S. Lewis, escreveu: …nos salmos Deus é o “objeto que a tudo satisfaz”. Seu povo o adora sem constrangimento, pela “grande alegria” que encontra nele (Sl 43.4). Ele é a fonte de prazer completo e infindável: “Na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente” (Sl 16.11). (Pipper, p. 14)
Rm 15.13 E o Deus da esperança encha vocês de toda alegria e paz na fé que vocês têm, para que sejam ricos de esperança no poder do Espírito Santo.
Gl 5.22 Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, 23 mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.

Mensagem: A alegria plena, indescritível e cheia de glória, até em meio aos sofrimentos e as hostilidades, é um dos distintivos do verdadeiro discípulo de Jesus Cristo.

Próxima mensagem – 1 Pedro 1.10-12

Lembre-se:
A sua responsabilidade, debaixo da graça e capacitação divina, é a de perseverante e confiante aplicar os princípios e as verdades divinas que tens ouvido (Fp.2.12 -13; 1 Tm. 4.7-9; Tg 1.22-27).

Ao meditar nesta mensagem, pergunte-se:
O que Deus quer transformar no meu modo de pensar e agir?
Como eu posso colocar isto em prática na minha vida?
Qual o primeiro passo que darei nessa direção (para que haja real transformação em minha vida)?

Conheça… creia…Aproprie-se… E, pratique a verdade divina para que experimenteis a vida plena que há em Jesus Cristo – Jo. 10.10

Bibliografia:
Bíblia Nova Almeida Atualizada© Copyright © 2017 Sociedade Bíblica do Brasil.
Keller, Timothy. “Refined By Fire” 1 Peter 1:1-9, April 24, 2011 – http://www.christcovenantcullman.org/sermonnotes/notes-04-24-11.html
MacArthur, John. Bíblia de Estudo, texto ARA. Barueri, SP: Sociedade Biblica do Brasil, 2010.
Mueller, Ênio R. 1 Pedro, introdução e comentário – Série Cultura Bíblica. São Paulo, SP: Ed. Vida Nova & Ed. Mundo Cristão, 1988.
Pinto, Carlos Osvaldo C. (1950 – 2014). Foco e desenvolvimento no Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2008.
Piper, John. Teologia da alegria: a plenitude da satisfação em Deus. São Paulo: Shedd Publicações, 2001.
Raymer, R. M. (1985). 1 Peter. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 2, p. 839–840). Wheaton, IL: Victor Books.
Rienecker, Fritz & Rogers, Cleon. Chave Linguística do Novo Testamento Grego. São Paulo, SP: Ed. Vida Nova, 1985.
Wiersbe, Warren W. Comentário Expositivo: Nova Testamento: volume II. Santo André, SP: Geográfica Editora, 2006.

Domingos Mendes Alves

IEBNA – RP, BRA

06.2020

Last modified: January 26, 2025